30 agosto, 2007

Dando margem à alegria!


Dos momentos em silêncio aos momentos de festa ela está sempre lá...
É só saber olhar para dentro! E saber perguntar para si: "O que eu quero? O que me faz feliz agora?"
E saber ouvir a resposta...
Deixar ela chegar e fazê-la ficar!
Seja bem vinda alegria!
Venha curtir comigo este silêncio, olhar para estes peixinhos no aquário!
Venha olhar as crianças brincando, e o cachorro fazendo festa na senhorinha!
Venha ouvir o que o cara ali no ônibus tem a dizer, e vamos achar graça de tudo hoje!
Vou esparramar tinta no papel e pintar um sol com a ponta do dedo!
Talvez eu faça uma gaivota, ou talvez eu faça um borrão e, na tinta, esfregue toda a mão!
Ai, quanto ponto de exclamação!
Vou botar as pernas para o ar e ficar sentido o pé pesar!
Vou subir no alto daquele morro e sentir o cheiro da maresia lá no alto!
Vou plantar bananeira e pôr os pés na parede de cabeça para baixo!
Vou deitar na areia e esperar o mar me alcançar!
Vou deixar você falar o que você bem quer, mas só vou ouvir e lembrar o que eu gostar de escutar!
E vou dar asas à imaginação! E vou amar! E vou sonhar! E vou fantasiar, gargalhar, espreguiçar, abraçar, perambular, saltitar!

17 agosto, 2007

De repente


Em um instante repentino qualquer tudo acaba se transformando... quando cruza a margem de chegada... o limiar para que algo se transforme no oposto de sua essência.
Às vezes é melhor desacelerar a corrida para não cruzar a chegada... mas um dia chega.


"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."
(Vinicius de Moraes)

16 agosto, 2007

Margeando



A margem de um rio,
a margem da página em branco.
À margem da vida e,
na margem da vida,
a terceira margem.
Chega-se à margem de chegada,
à margem dos que chegaram,
à margem dos que estão
e à margem dos que se vão.
Chega-se à margem da verdade
e dos que dão margem à mentira.
E margeando segue-se este rumo
até o deságue na vastidão de um sentimento qualquer indizível.
Segue marginal,
exitante em mergulhar no córrego,
leva o medo de dar as costas à margem
e encarar o outro lado,
a outra margem.
E segue margeando,
marginal da lógica imposta
de um padrão descabido
da felicidade plena e momentânea do pertencimento.